domingo, 12 de maio de 2024

Cessação do Tabagismo: A Importante Atuação da Fisioterapia.

 


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O tabagismo é considerado um grave problema de saúde, afetando diversos sistemas do organismo, como o respiratório, cardiovascular, musculoesquelético e neurológico. A fisioterapia contempla a prática clínica em todas essas áreas.

O sucesso na cessação depende de vários fatores, entre eles a abordagem profissional adequada e constante, o esclarecimento preciso e claro das dúvidas dos tabagistas, o reforço dos benefícios provenientes, tanto para o tabagista quanto para com os que com eles convivem, e também para o meio ambiente.

O tabagismo é considerado uma doença crônica não trasmissível, porém, está associado a um risco aumentado de morte por doenças transmissíveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de tabaco é responsável pela morte de cerca de 6 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano, com muitas dessas mortes ocorrendo prematuramente. E 600 mil delas ocorrem pelos efeitos do fumo passivo.

A Assembleia Mundial da Saúde estabeleceu um alvo global de redução do uso do tabaco no intuito de reduzir mortes prematuras. O objetivo global acordado é uma redução relativa de 30% na prevalência do consumo de tabaco em pessoas com mais de 15 anos de idade. A definição desse objetivo não só fornece um contexto para o desenvolvimento de políticas e programas de ações para atingir essa meta, mas também oferece aos políticos um acompanhamento do progresso na consecução do objetivo ao longo do tempo.

Considerado como a principal causa evitável de morbidade e mortalidade no mundo, o tabagismo desde 1992 é considerado uma doença ( CID-10), catalogada pela OMS como " desordem mental de comportamento em razão da síndrome da dependência à nicotina".

O tabagista apresenta um complexo mecansimo de dependência que envonvem componentes químicos, comportamentais e piscicológicos.

As ações medicamentosas da nicotina são, em geral, imprevisíveis, pois se fazem, ao mesmo tempo, sobre vários sistemas efetores, ações estimulantes e depressoras sequenciais e dose-dependentes.

O fisioterapeuta apresenta peculiaridades que permitem uma ampla atuação na intervenção ao tabagismo, como contatos frequentes com o paciente por períodos prolongados e não raro individualizados. Ou seja, o atendimento fisioterapêutico, com frequência, ocorre por diversas vezes na semana, por períodos de, em média, 1 hora ou mais e por longos períodos de acompanhamento (meses ou até anos), características bem específicas desses profissionais. Na atuação de outros profissionais da área da saúde, dificilmente se nota um contato tão frequente com os pacientes. É atribuição do fisioterapeuta, como dos demais profissionais da saúde, promover atendimento e cuidado visando à prevenção de doenças. Assim, contribuir com a cessação tabagística pode ser considerada uma ação com essa finalidade. Todas as áreas de atuação da fisioterapia beneficiam-se com a cessação do tabagismo, visto que o cigarro afeta múltiplos sistemas no organismo.

Áreas de atuação do fisioterapia no paciente tabagista.

Fisioterapia em Pneumologia

O sistema respiratório é intensamente prejudicado pelo tabagismo. A inalação da fumaça do cigarro causa danos diretos no transporte mucociliar, que é considerado o principal mecanismo de defesa do sistema respiratório, podendo ocasionar maiores chances de infecções. O sistema respiratório é intensamente prejudicado pelo tabagismo. A inalação da fumaça do cigarro causa danos diretos no transporte mucociliar, que é considerado o principal mecanismo de defesa do sistema respiratório, podendo ocasionar maiores chances de infecções.

O fisioterapeuta é um dos profissionais com contato mais intenso com os pacientes no contexto de reabilitação cardiopulmonar. Assim, a conduta do fisioterapeuta respiratório com o tabagista deve levar em consideração as alterações apresentadas e contemplar técnicas para a redução dos sintomas clínicos.

Fisioterapia em cardiologia.

O consumo do tabaco é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasulares, levando a aterosclerose e doenças isquêmicas coronarianas por meio do processo de lesão do endotélio arterial, da alteração do perfil lipídico, da redução da função vasodilatadora e do aumento dos níveis de inflamação sistêmica. Fumar ocasiona a liberação de catecolaminas que causam aumento da frequência cardíaca após o fumo e, a longo prazo, promove piora das respostas do sistema nervoso autônomo (SNA), inclusive durante e após o exercício físico. Esses fatores podem estar relacionados com arritmias cardíacas e até com morte súbita. Desse modo, o fisioterapeuta, inserido nessa área, deve-se manter atento para níveis de frequência cardíaca, pressão arterial e respostas fisiológicas inadequados durante sua conduta. A fisioterapia exerce um grande papel nos períodos de pré e pós-operatório de cirurgias cardiovasculares. Nesse sentido, a cessação do tabagismo torna-se imprescindível, a fim de evitar complicações tanto para o preparo para cirurgias quanto para a recuperação no período pós-cirúrgico. Assim, o paciente em tratamento fisioterapêutico nessa área deve ser alertado sobre prejuízos desencadeados pelo tabagismo no sistema cardiovascular, do alto risco de reincidências de eventos cardíacos e do impacto do cigarro em seu tratamento.

Fisioterapia em Uroginecologia.

Sabe-se que a ação do monóxido de carbono no organismo promove extenso prejuízo na oxigenação dos tecidos, inclusive dos órgãos sexuais, que são vastamente vascularizados e comprometidos com a ação do cigarro. Essa alteração pode promover impotência sexual e diminuição da sensibilidade desses órgãos, impactando diretamente a vida sexual de tabagistas.

Alguns estudos vêm demonstrando que os sintomas respiratórios ocasionados pelo tabaco, como a tosse, podem piorar os quadros de incontinência urinária, sobretudo em fumantes com cargas maiores do que 20 cigarros por dia. Vale ressaltar que a mulher apresenta maior susceptibilidade à dependência do tabaco.

Outro aspecto importante a ser abordado é o tabagismo durante a gravidez, o qual provoca danos tanto para a mãe quanto para o feto e está diretamente relacionado a partos prematuros, mortes perinatais e fetos abaixo do peso. Além disso, estudos demonstram a influência do tabagismo no desenvolvimento do sistema nervoso fetal. Também existem evidências demonstrando que fumar aumenta o risco de infertilidade e a dificuldade em engravidar. O tratamento fisioterapêutico é essencial pois inclui etapas educativas no tratamento de gestantes fumantes, esclarecendo todos os malefícios para a saúde da mulher.

Fisioterapia em Neurologia.

A nicotina atinge o cérebro rapidamente. Essa toxicidade prejudica a circulação cerebral e pode estar relacionada à incidência e ao agravo de diversos tipos de demência, como Alzheimer e tumores cerebrais, e ao aumento do risco de AVC.

Os efeitos tóxicos do cigarro podem interferir de forma direta no tratamento fisioterapêutico, visto que algumas das consequências do uso contínuo do tabaco no sistema nervoso incluem declínio no processamento da linguagem, prejuízo na memória visual e verbal e na função motora global, dificuldade de aprendizado e até atrofia cerebral. A atuação do fisioterapeuta no aconselhamento do indivíduo tabagista mostra-se importante para minimizar esses comprometimentos e otimizar a terapia nesse âmbito.

Fisioterapia em Ortopedia Desportiva.

Uma importante alteração que afeta diretamente o sistema muscular é o aumento de carboxemoglobina circulante, devido à exposição ao monóxido de carbono, um dos principais componentes da fumaça do cigarro. Esse processo desencadeia uma diminuição importante da oxigenação tecidual, o que pode levar a maior fadigabilidade e diminuição da força muscular. O sistema esquelético também apresenta alterações nos tabagistas. Estudos demonstram que o tabagismo promove uma desmineralização óssea que pode ocasionar maiores chances de fraturas. Esse dano é atribuído à alteração da absorção de vitamina D, à elevação de níveis de cortisol e à diminuição nas atividades dos osteoclastos. Esses fatores associados reduzem a densidade óssea, aumentando os riscos de fraturas. Indivíduos fisicamente ativos e atletas podem ter prejuízos significativos em seu desempenho caso façam uso de tabaco. Desse modo, as alterações demonstradas nessa área em particular são de extrema importância, visto que uma das principais ferramentas de tratamento da fisioterapia é o exercício físico e seus consequentes efeitos no sistema musculoesquelético.

Independente da idade, parar de fumar acarreta benefícios para a saúde!

A cessação do tabagismo é uma fase em que o usuário necessita de apoio individual, além de estratégias que o auxiliem a se manter em abstinência. Pesquisas que avaliaram os efeitos da prática regular de exercício físico em tabagistas mostraram uma redução dos sintomas de abstinência do fumo, da fissura e da ansiedade, além de uma melhora da falta de concentração e do controle do ganho de peso, o que facilita as tentativas de abandono e o sucesso na cessação. A forma como o exercício pode aliviar os sintomas de abstinência e o desejo de fumar está relacionado a hipóteses afetivas, biológicas e cognitivas, e esses mecanismos podem ser variáveis de acordo com diferentes tipos de exercícios. Por exemplo, no mecanismo biológico, os estudos relatam que o exercício de alta intensidade pode aumentar as β-endorfinas na corrente sanguínea, o que faz com que o indivíduo se sinta relaxado e obtenha melhora de seu bem-estar. Todo e qualquer tabagista que queira iniciar a prática regular de exercício físico, estando ou não em processo de cessação, deve passar por testes pulmonares e funcionais e ter a supervisão de profissionais capacitados durante a realização da atividade.

Conclui- se que o fisioterapeuta tem importante atuação junto ao paciente tabagista, orientando, com o foco nos benefícios que o indivíduo terá a curto, médio e longo prazo, como:

  • melhora dos níveis de pressão arterial e frequência cardíaca;
  • melhora na respiração e circulação sanguíneas;
  • redução do risco de diversas doenças;
  • melhora no hálito;
  • aumento na capacidade ao exercício;
  • melhora na qualidade de vida em geral.

O fisioterapeuta, juntamente ao tabagista, pode traçar um plano de ação para todo o processo de cessação. Cabe ao fisioterapeuta orientar e acolher o paciente durante esse momento delicado. Deve-se sempre questionar sobre os sintomas da síndrome de abstinência, a intensidade das fissuras, e ressaltar que esses sintomas são esperados e passageiros, sempre reforçando os benefícios que o paciente vai obter com a cessação do tabaco.

Cessação do Tabagismo: A Importante Atuação da Fisioterapia.

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